EL POR QUÉ DE UN NUEVO BLOG

Después de abrir y mantener actualizado el blog: CENTRO VIRTUAL DE ESTUDIOS

ESPIRITISTAS Y AFINES, para la formación doctrinaria dentro de los postulados eminentemente racionalistas y laicos de la filosofía espírita codificada por el Maestro Allan Kardec que exhibe la Confederación Espírita Panamericana, a la cual nos adherimos, creímos conveniente abrir un nuevo Blog de un formato más ágil y que mostrase artículos de opinión de lectura rápida, sin perder por ello consistencia, así como noticias y eventos en el ámbito espírita promovidos por la CEPA, a modo de actualizar al lector.
Esa ha sido la razón que nos mueve y otra vez nos embarcamos en un nuevo viaje en el cual esperamos contar con la benevolencia de nuestros pacientes y amables lectores y vernos favorecidos con su interés por seguirnos en la lectura.
Reciban todos vosotros un fraternal abrazo.
René Dayre Abella y Norberto Prieto
Centro Virtual de Estudios Espiritistas y Afines "Manuel S. Porteiro".



lunes, 18 de enero de 2016

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

OPINIÃO - ANO XXI - Nº 236 - DEZEMBRO 2015

Antevisto por segmentos místicos e espiritualistas de diversos matizes como um tempo de transformações, o Terceiro Milênio da Era Cristã fecha seus primeiros quinze anos com impressionante sucessão de atos de terrorismo provocados pelo fundamentalismo e pelo fanatismo religioso muçulmano. Esses grupos despontam como os grandes inimigos da civilização, nestas primeiras décadas do Século XXI.
Das Torres Gêmeas ao Bataclan – a escalada do terrorismo
Os três primeiros lustros do esperado Terceiro Milênio da Era Cristã fecham-se com uma sucessão de ataques terroristas que espalham medo no mundo inteiro.
Aqui, os principais deles, praticados pelos grupos jihadistas Al-Qaeda e Estado Islâmico:

Ø  Destruição das Torres Gêmeas do World Trade Center, em 11/09/2001, em Nova York, com a morte de 2.996 pessoas.
Ø  Explosão do Metrô de Madri, em 11/04.2004. Foram 10 explosões quase simultâneas em quatro trens, deixando 193 mortos e 1858 feridos.
Ø  O Massacre de Beslan, em 3/09/2004. A cidade russa foi sacudida por um massacre em escola, deixando 370 mortos, sendo 171 crianças, cerca de 200 desaparecidos e centenas de feridos.
Ø  Atentados no Metrô de Londres, em 07/07/2005. Em três vagões e em um ônibus, na capital britânica, quatro jovens muçulmanos detonaram explosivos que traziam junto a seus corpos. Além de se suicidarem provocaram mais 77 mortes, deixando mais de 700 feridos de onze nacionalidades.
Ø   Ataques de Bombaim, em 26/11/2008, 10 atentados terroristas sincronizados, na capital financeira da índia, deixando 195 pessoas mortas e 327 feridas.
Ø  Atentados em Mumbai, em 12/07/2011, várias explosões no centro financeiro indiano, deixando 10 mortos.
Ø  Explosão em Oslo, em 22/julho/2011. Uma forte explosão no distrito governamental da capital norueguesa, seguida de um tiroteio na Ilha de Utoya, deixou um saldo de 77 mortos e uma centena de feridos.
Ø  O Massacre do Charlie Hebdo, em 07/01/2015, perpetrado contra o jornal satírico parisiense, em represália por publicações de charges de Maomé, seguido de atentados a policiais, deixando 17 vítimas.
Ø  Os atentados em Paris, na noite de 13.11.2015, em bares, restaurantes e vias publicas, culminando com o ataque à casa de espetáculos “Bataclan”: sucessão de fatos que se constituem no maior atentado já ocorrido na França desde a Segunda Guerra Mundial. Saldo de mortos: pelo menos 137, até o encerramento desta edição.

A onda de terrorismo não parou por aí. Depois de Paris, um hotel em Mali, ex-colônia francesa da África, foi invadido por terroristas, deixando cerca de 20 mortos. Em meio a todos esses acontecimentos, há também casos de explosão de aviões, sequestros e mortes, estas especialmente no Estado Islâmico, onde centenas ou milhares de “infiéis’ têm sido decapitados ou queimados vivos, sob o bordão de “Alá é o maior!”.





Inimigos da civilização
Fanáticos muçulmanos que se apresentam como jihadistas têm como meta o “sagrado” dever de destruir todos os “infiéis” do Planeta. Infiéis, para eles, são os cristãos, os budistas, os xintoístas, os liberais europeus, os republicanos e democratas norte americanos, os laicos franceses, os anglicanos ingleses ou os luteranos da Alemanha. São também todos os muçulmanos, xiitas ou sunitas, que não lhes reconheçam a suprema autoridade sobre o Islã. São nossas filhas que frequentam a Universidade. São nossos filhos que dançam com suas namoradas numa boate de Porto Alegre, assistem a uma partida de futebol em Paris ou bebericam num pub de Londres. São nossas mães que rezam numa igreja ou nossas irmãs que curtem os encantos de uma praia de Mumbai. Somos, enfim, todos nós, cidadãos do mundo, usufrutuários das conquistas de uma civilização que, a duras penas, aprendeu a pensar e a agir livremente. Que descobriu no pluralismo das crenças ou descrenças, das convicções ou das dúvidas, que nos assiste a todos o direito à felicidade e o dever do respeito às ideias e escolhas dos outros, dentro de uma ordem fundada no princípio universal de não fazer a outrem o que não desejamos a nós próprios.
As conquistas que nos querem eles solapar só as pudemos concretizar quando substituímos o sagrado pelo natural. Quando deixamos de ver o mundo como produto de uma ordem sobrenatural, de exclusiva alçada de privilegiados intérpretes da verdade eterna, promotores da guerra e da paz, juízes do bem e do mal, senhores da vida e da morte. Quando, enfim, fomos capazes de nos descobrir partes integrantes do universo, onde o espírito, seu princípio inteligente, se reconhece regido por leis naturais, e onde a liberdade, a igualdade e a fraternidade podem nos assegurar o exercício da dignidade humana.
Talvez não seja ainda neste século. Oxalá ocorra no milênio. Dia virá, entretanto, em que os usurpadores da ordem e da paz não mais habitarão a Terra. (A Redação)




Nosso Jesus
“Era nosso demais para fingir de segunda pessoa da Trindade”. Fernando Pessoa.

Pelos séculos em que a civilização ocidental foi tutelada e conduzida pela Igreja, a única fonte disponível sobre a vida de Jesus foram os evangelhos canônicos. Estes, sabe-se, resultaram de meticulosa seleção de textos presumivelmente escritos no Século I de nossa era, mas que só ganhariam forma definitiva em fins do Século IV, com o trabalho de São Jerônimo, sob rígida orientação do Papa Dâmaso. Nessa época, o cristianismo, fundado por Paulo de Tarso, adotado pelo Imperador Constantino e erigido à religião oficial do Império Romano por Teodósio, já se constituíra em poderosa organização religiosa, detendo poderes temporais e espirituais que se estenderiam pelos séculos seguintes. Um panorama que somente começaria a se alterar com o final da Idade Média.

É justamente do contexto histórico dos primeiros séculos de sua existência que emergem os principais dogmas do cristianismo, logo impostos como artigos de fé a serem cegamente obedecidos por todos os súditos dessa verdadeira teocracia, herdeira do Império Romano e que se impusera a todo o Ocidente. Nada mais eficiente para legitimar um poder assim constituído do que atribuir sua origem ao próprio Deus. Foi o recurso utilizado pelo cristianismo, “divinizando” a figura de Jesus de Nazaré, e transformando, assim, o humilde carpinteiro da Galileia, que religião alguma houvera criado, na figura de “Jesus Cristo”, seu fundador.
“Cristo” é palavra originária do grego “Christos”, que significa “ungido”. O dogma cristão por excelência, sincretizando crenças e mitos bem mais antigos, atribuiu a Jesus a condição de “filho unigênito de Deus”, por ele “ungido” para salvar a humanidade do “pecado original”. Mais do que isso: Jesus Cristo seria, ele próprio, juntamente com o Pai e com o Espírito Santo, o próprio Deus que, por um mistério inacessível à compreensão humana, seria único, embora formando uma trindade de “pessoas”.
Somente a Modernidade iria abrir caminho para uma visão racional e não mitológica de Jesus. Em tempos mais próximos de nós, no Século XIX, Ernest Renan, na França, questionaria a interpretação eclesiástica do Nazareno, em “A Vida de Jesus” (1863), onde busca resgatar sua condição humana, negando-lhe a divindade. Um ano após (1864), Allan Kardec publicaria “O Evangelho Segundo o Espiritismo” em cuja Introdução reconhece que os atos materiais da vida de Jesus, os milagres a ele atribuídos, as profecias e os dogmas das igrejas cristãs, formavam uma verdadeira nebulosa mítica e que, por isso, ao espiritismo os Evangelhos só interessariam naquilo que atestava sua inequívoca autenticidade: o ensino moral de Jesus. Kardec, claramente, distinguia, com essa opção, Jesus Cristo, mítico, do Jesus de Nazaré, homem, apontado em “O Livro dos Espíritos” como “modelo e guia” da humanidade.
Ao curso do Século XX, com a descoberta de originais de outros Evangelhos e com valiosas pesquisas históricas, foi emergindo, com contornos mais reais, a figura humana de Jesus, destituída daqueles mitos que lhe foram agregados na construção do Jesus Cristo das igrejas.
Entre nós, J. Herculano Pires, na Introdução do livro “Revisão do Cristianismo”, aponta para a existência de um verdadeiro “abismo”, separando “Jesus de Nazaré, filho de José e Maria, nascido em Nazaré, na Galileia, e Jesus Cristo, nascido da Constelação da Virgem, na Cidade do Rei Davi em Belém da Judeia, segundo o mito hebraico do Messias”. Para ele, “a Civilização Cristã, nascida em sangue e em sangue alimentada, não possui o Espírito de Jesus, mas o corpo mitológico do Cristo, morto e exangue”.
Mesmo assim, por um atavismo só explicável pelos longos séculos de dominação teológica, ou por não nos havermos preocupado ainda com a assunção de uma genuína identidade espírita, continuamos nos afirmando “cristãos” e nos referindo, sistematicamente, a “Jesus Cristo” ou ao “Cristo”, quando não ao “Cristo de Deus”.
É, pois, tempo de nos questionarmos: qual é, efetivamente, o nosso Jesus? Será ainda o Jesus Cristo, mitificado pela religião, ou, simplesmente, o admirável Jesus de Nazaré, apontado pelos interlocutores de Allan Kardec como “modelo e guia” da humanidade?







Religião faz bem ou faz mal?
Até um determinado ponto de nossa caminhada, as religiões fizeram bem. Enquanto permanecíamos sob o domínio do mito e da magia, e o embate do bem e do mal se dava entre supostas potências angelicais e diabólicas, nos convinha ser bons. Pelo menos, aparentemente bons, para ganhar a proteção dos deuses, que, em troca, nos exigiam lhes tributássemos glórias e louvores. A eles e a seus mandatários.
Mas, o bem e o mal não são galardões disputados em batalhas cruentas travadas em planos siderais. Virtudes e vícios, bondade e maldade, moram na alma da gente. Nascem de nossa capacidade de fazer escolhas. Escolhas movidas por nosso maior ou menor discernimento acerca das leis soberanas que regem o universo e a vida. Delas, e só delas, resultarão estágios mais ou menos felizes.

Religião, egoísmo e generosidade.
Agora, estudos sugerem que pessoas não religiosas são, em geral, mais generosas que as adeptas das religiões. Na Universidade de Chicago, o neurocientista Jean Decety coordenou  pesquisa entre mais de mil crianças de 5 a 12 anos, de diferentes culturas e religiões, nos Estados Unidos, África do Sul, Canadá, China, Jordânia e Turquia. Distribuiu a cada uma delas 30 bonitos adesivos, orientando-as a compartilharem as figurinhas com outras crianças. Os filhos de pais sem religião foram os mais generosos, enquanto a atitude predominante entre as crianças praticantes de religiões era a de não repartirem, guardando o maior número de adesivos para si próprias.
Estudiosos atribuem esse comportamento ao que chamam de “licença moral”: o indivíduo que pratica obrigações religiosas, como as de ir regularmente à igreja ou à mesquita ou rezar todas as noites, se permite atitudes egoístas, julgando-se especialmente protegido de Deus. Faz isso dentro de um padrão totalmente inconsciente.

A institucionalização dos valores do espírito
Estudos desse tipo permitirão concluir no sentido da superioridade da concepção materialista da vida sobre o espiritualismo? Penso que não. Religião e espiritualidade são coisas diferentes. Há no ser humano uma forte intuição à transcendência e ao cultivo dos chamados valores do espírito. A religião pode ter sido, historicamente, o fio condutor da espiritualidade. Mas foram o conhecimento e a convivência humana que a aprimoraram. Desenvolveram no indivíduo e na sociedade o patrimônio espiritual ínsito na intimidade de sua consciência e expresso em atitudes de solidariedade, generosidade, compaixão e fraternidade. A institucionalização desses valores na sociedade moderna deu-se, o mais das vezes, não por força da religião, mas contra ela, e, frequentemente, obstaculizada por esta. A isso chamamos civilização.

Laicismo e espiritualismo x fanatismo religioso
O estudo da Universidade de Chicago conclui também que o egoísmo detectado naquelas crianças cristãs e muçulmanas cresce na medida em que as pessoas ficam mais velhas.
O fanatismo religioso é o egoísmo em sua mais elevada potência. O terrorismo, em seu nome praticado, só pode ser debelado por uma cultura autenticamente laica, mas calcadas nos valores perenes do espírito. Só uma concepção filosófica espiritualista pode sustentar a plena igualdade de todos os homens e mulheres, independente do berço em que hajam nascido e da cultura em que estejam inseridos. Somente o laicismo pode viabilizar a plena vigência desses valores, em dimensões globais.





Os Critérios para
Atualização do Espiritismo
Herivelto Carvalho, servidor público; Delegado da CEPA em Ibatiba ES; Membro do Centro de Pesquisa e Documentação Espírita. E-mail: heriveltocarvalho@gmail.com/.

Quando se fala em atualização do Espiritismo, uma polêmica logo se estabelece, pois uma parcela significativa dos espíritas considera esse processo perigoso. Geralmente o temem sob a alegação de que atualizar o Espiritismo seria admitir que o mesmo se encontra defasado, enfraquecido, ou que, ao se admitir modificações em determinados princípios, estaríamos transformando a Doutrina Espírita em outra filosofia espiritualista.
Este temor fez com que o caráter progressivo do Espiritismo fosse, ao longo da história, negligenciado pelos espíritas, principalmente entre os adeptos brasileiros. Tal postura se consolidou apesar de Allan Kardec, durante a formulação de sua obra, ter declarado que esta natureza transitiva constituía um dos aspectos essenciais para a garantia da permanência e continuidade do sistema doutrinário, evitando que o mesmo caia no obscurantismo e perca sua capacidade de contribuir para o desenvolvimento da sociedade.
No texto Constituição do Espiritismo, presente em Obras Póstumas, estão patentes os seguintes objetivos da atualização doutrinária:

 - Promover a coesão dos princípios que compõem o programa doutrinário: “O princípio progressivo, que ela inscreve no seu código, será a salvaguarda da sua perenidade e a sua unidade se manterá, exatamente porque ela não assenta no princípio da imobilidade”;
 2° - Acompanhar o progresso: “Se não se quiser que com o tempo ela caia em desuso, ou que venha a ser postergada pelas ideias progressistas, será necessário caminhe com essas ideias”;
 3° - Garantir a sobrevivência da Doutrina: “acompanhar ou não o movimento propulsivo é uma questão de vida ou de morte”.

Mas como evitar que um processo de atualização, ao invés de promover o caráter progressivo, acabe ocasionando uma degeneração dos princípios e da natureza do Espiritismo? A resposta se encontra na aplicação de critérios de resistência que garantam a correta atualização doutrinária.

O primeiro critério estabelece que o processo de revisão ou acréscimo de novas teorias ou princípios deverá ser coerente com os fundamentos doutrinários, alicerces que não podem ser alterados, sob pena de total descaracterização. Sobre os fundamentos doutrinários é possível ampliar o seu entendimento, mas jamais modificá-los, cabendo a revisão aos princípios secundários.

O segundo critério estabelece que novos elementos, candidatos a integrar o corpo doutrinário, devem ser coerentes com o conhecimento constituído, mantendo cautela na análise de novas teorias, evitando a associação com conceitos pseudocientíficos, objetos de controvérsia, ou seja, não serem, no dizer de Kardec, “princípios que possam ser considerados quiméricos e que seriam rejeitados pelos homens positivos” (Obras Póstumas, II Dos Cismas, cap. XXXVII). Esta cautela racional e sistemática deverá ser amparada principalmente na força dos fatos positivos:“Toda teoria em contradição manifesta com o bom senso, com uma lógica rigorosa, com os dados positivos que possuímos, por mais respeitável que seja o nome que o assine, deve ser rejeitada.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo – Introdução).

Um terceiro critério seria específico para analisar novidades oriundas do exterior doutrinário, que para serem assimiladas pelo Espiritismo, não poderiam mais ser consideradas utopias, mas sim, ter chegado ao status de teoria consolidada, conforme é destacado em A Gênese“O Espiritismo, pois, não estabelece como princípio absoluto senão o que se acha evidentemente demonstrado, ou o que ressalta logicamente da observação. [...] assimilará sempre todas as doutrinas progressivas, de qualquer ordem que sejam, desde que hajam assumido o estado de verdades práticas e abandonado o domínio da utopia, sem o que ele se suicidaria”.
Este mesmo critério foi ressaltado por Herculano Pires: “Todos os princípios da doutrina estão sujeitos à crítica e à reformulação, desde que uma prova científica, prova comprovada, seja reconhecida como tal pelo consenso universal dos sábios.” (A Evolução Espiritual do Homem).

Observamos que Kardec e Herculano Pires são enfáticos ao defender que o Espiritismo somente assimilará novas teorias que tenham atingido a condição de demonstradas ou comprovadas. É importante lembrar que na Ciência, estes dois adjetivos não possuem um sentido absoluto, pois nunca existirá uma teoria científica definitivamente concluída, uma vez que uma das características capitais do conhecimento científico é a natureza contingente de suas hipóteses, ou seja, elas passam constantemente pelo processo de corroboração ou refutação. Neste aspecto, há similaridades metodológicas nos procedimentos de análise de alternativas teóricas entre o Espiritismo e a Ciência.

Estes pontos similares partem do princípio de elaboração e obtenção de dados através do aspecto experimental da Doutrina Espírita, sendo que os mesmos fornecem uma base empírica para seu desenvolvimento principiológico, conforme Kardec esclarece em A Gênese: “Como meio de elaboração, o Espiritismo procede exatamente da mesma forma que as ciências positivas, aplicando o método experimental”.

Portanto, o Espiritismo, tal como a Ciência, ao aplicar o “método experimental” pode se deparar com anomalias e sofrer uma crise paradigmática, que somente será solucionada por uma revisão que tornará possível a integração de novas teorias mais adaptadas e aperfeiçoadas. Essa capacidade doutrinária foi salientada por Kardec, ao declarar que: “Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrarem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificará nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará” (A Gênese, cap. I, item 55). Outro importante pensador espírita que a evidenciou foi Gabriel Delanne: “Se lhes demonstrarem amanhã que estão em erro, abandonarão imediatamente sua maneira atual de ver, para se colocarem ao lado da verdade, porque o seu método é, antes de tudo, o racionalismo.” (O Espiritismo perante a Ciência).

Esta característica epistemológica do Espiritismo já era percebida por Deolindo Amorim, em seu artigo Atualização de Cultura, publicado em 1965, onde afirmava: “O Espiritismo é uma doutrina de natureza transitiva, porque procura comunicação com o mundo exterior a fim de interpretar os fenômenos da vida e da cultura em todos os seus aspectos”.

Ao declarar que é um processo natural no Espiritismo, sua atualização, a tradição livre-pensadora, representada na época presente pela CEPA, está dando prosseguimento ao projeto aberto e progressista de Allan Kardec. Cabe, portanto, aos espíritas inseridos nesse movimento, a responsabilidade de compreender os mecanismos desse processo, tornando-o eficiente no aperfeiçoamento do conhecimento espírita.






Gustavo Leopoldo e os muitos caminhos
Em visita a Porto Alegre, onde participava de um congresso médico, Gustavo Leopoldo Rodrigues Daré, Delegado da CEPA na cidade de Ribeirão Preto/SP, participou de uma reunião de estudos e da oficina de dirigentes e trabalhadores do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, na tarde de 13 de novembro.
Aos colaboradores do CCEPA, Gustavo Leopoldo fez um relato da história e das atividades daAssociação Caminhos para o Espiritismo, por ele presidida, entidade sediada em Ribeirão Preto, com associados e colaboradores também em Matão e São Carlos/SP, fundada em 2007. Promovendo fóruns e colóquios espíritas, na região, a Associação, como registra seu blog na internet - http://www.caminhosparaoespiritismo.org.br/blog/
- busca aproximar “os diferentes caminhos do espiritismo”, através do diálogo, do debate franco de ideias, em clima de fraternidade e de construção conjunta de ideias. Na foto, o visitante, juntamente com os dirigentes do CCEPA, Milton MedranSalomão Benchaya e Maurice Jones.

Néventon no CCEPA
Aproveitando visita a familiares no Rio Grande do Sul,Néventon Vargas (João Pessoa/PB), vice-presidente da Associação Brasileira de Delegados e Amigos da CEPA, -CEPABrasil,  visitou o CCEPA no último dia 27/11, tendo participado de uma reunião de estudos e da oficina de dirigentes e trabalhadores da Casa. Ali, deu notícias das atividades desenvolvidas pela ASSEPE – Associação de Estudos e Pesquisas Espíritas de João Pessoa, entidade filiada à CEPA, na capital paraibana. A foto registra a presença de Néventon, na reunião do CCEPA, entre Maurice Jones e Dirce Carvalho Leite.

Benchaya na nova sede da FERGS
Para a inauguração da sua nova sede, dia 28/11, a Federação Espírita do Rio Grande do Sul enviou convite a Maurice Herbert Jones e Salomão Jacob Benchaya, membros do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre e ex-presidentes daquela federativa. Benchaya ali esteve prestigiando o evento e transmitindo as congratulações de Jones que não pode comparecer.
A nova sede da FERGS está situada na Travessa Azevedo, 88, bairro Floresta, Porto Alegre.






A CEPA e a Espiritualidade
Permitam-me registrar que gostei muito do artigo de Eugenio Lara “A CEPA e a Espiritualidade” (Enfoque, CCEPA Opinião de outubro/2015). Como muito bem salientou o articulista, “o Espiritismo se desenvolveu no seio do espiritualismo e é nele que sua contribuição filosófica se insere”. Por isso, o esforço da Confederação Espírita Pan-Americana em buscar, no seu XII Congresso Espírita Pan-Americano (Rosario/Argentina de 25 a 29 de maio de 2016), o diálogo com outras áreas do pensamento espiritualista, sem perder suas bases kardecistas.

Dante López – Presidente da CEPA – Rafaela/AR.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

OPINIÃO - ANO XXI - Nº 235 - NOVEMBRO 2015

O Brasil contra a Corrupção
Os recentes episódios que levaram políticos brasileiros aos tribunais e à prisão, juntamente com grandes empresários, no chamado “Mensalão”, seguidos, agora, da “Operação Lava Jato”, em suas sucessivas fases, despertaram na consciência popular a mais forte reação à corrupção em nosso país.  O fenômeno da corrupção, no entanto, está presente em toda a história do Brasil, desde seus primórdios.

A Cultura da corrupção
Com o título de “Breve História da Corrupção no Brasil”, no site Movimento contra a Corrupção -www.contracorrupcao.org, a Professora Rita Biason, da UNESP, Franca/SP, reporta-se a registros do Século XVI, época da colonização portuguesa, referentes ao comércio ilegal de produtos brasileiros, desviados da Coroa, por funcionários inescrupulosos. Registra também aquela cientista política graves violações às leis de tráfico de escravos, cometidas por poderosos senhores da época colonial. Proclamada a independência e instaurada a República, sucederam-se infindáveis casos de corrupção no setor de obras públicas de parte de ministros mancomunados com empresários brasileiros e europeus. Por sua vez, episódios de corrupção eleitoral desdobraram-se em capítulos degradantes, em toda a história da Repúbica, tendo por protagonistas governadores e “coronéis” que “impunham coercitivamente o voto desejado a seus empregados”, Era também corrente a prática de fraudes nas apurações. A pesquisadora faz também referência à corrupção no tempo dos governos militares. Traz, especialmente, o episódio da “Capemi”, uma entidade de assistência e previdência privada, dirigida por militares, que teria fraudado a confiança de seus associados, com o desvio de recursos, favorecendo interesses políticos de militares, e terminando por quebrar. Ela aponta o episódio como, “uma amostra do que ocultamente ocorria nas empresas estatais”, durante a ditadura militar.
Na história recente, após a democratização, ficaram mais marcados os episódios de corrupção da era Collor, cuja campanha, segundo Rita, teve seus gastos “financiados pelos usineiros de Alagoas em troca de decretos governamentais que os beneficiaram”. O Esquema PC, sigla que carrega o nome de Paulo César Farias, e do qual resultaria o impeachment do presidente Fernando Collor, segundo cálculos da Polícia Federal, envolveu fraudes no montante de 600 milhões a 1 bilhão de dólares.
De tudo isso, resulta que, o recente “Mensalão” e o atual “Lava Jato”, envolvendo desvios milionários, ainda não inteiramente contabilizados, cuja autoria é atribuída a políticos de diferentes partidos e empresários ligados às maiores empreiteiras de obras públicas, seriam apenas a continuação, hoje mais visível, de uma chaga que envergonha toda a história do Brasil.
Retornando ao artigo da Professora Rita Biason, diz ela, em sua conclusão: “A tolerância a pequenas violações que vão desde a taxa de urgência paga a funcionários públicos para conseguir agilidade na tramitação dos processos dentro de órgão público, até aquele motorista que paga a um funcionário de uma companhia de trânsito para não ser multado, não podem e não devem mais ser toleradas. Precisamos decidir se desejamos um país que compartilhe de uma regra comum a todos os cidadãos ou se essa se aplicará apenas a alguns. Nosso dilema em relação ao que desejamos no controle da corrupção é esquizofrênico e espero que não demoremos muito no divã do analista para decidirmos”.

O Estado moderno e a corrupção
O moderno Estado Democrático de Direito, absorvendo conceitos presentes na clássica cultura greco-romana, revestiu os bens públicos e os direitos fundamentais do cidadão de atributos de sacralidade, o que faz da corrupção um grave atentado aos valores mais fundamentais do homem, hoje vistos pelo Direito como sagrados. Com efeito, a “res publica” (coisa pública) do Direito Romano, também era considerada “res sacra” (coisa sagrada). A história da modernidade reconhece na Declaração de Independência dos Estados Unidos (1776), redigida por Thomas Jefferson e apoiada pelos chamados “Pais Fundadores”, o marco que expressa uma efetiva sacralização da democracia e dos valores indisponíveis, herdados da cultura greco-romana. A célebre declaração americana, inspirada em conceitos bíblicos, invocava, em seu preâmbulo, as “leis da natureza e as do Deus na natureza”, e proclamava: “Todos os homens são criados iguais, dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, entre estes a vida, a liberdade e a procura da felicidade”, e complementava: “A fim de assegurar esses direitos, governos são instituídos entre os homens, derivando seus justos poderes do consentimento dos governados”.
Nessa mesma trilha andaria, décadas após, Allan Kardec, ao definir valores como liberdade, igualdade, sociedade, progresso e justiça, como leis naturais ou divinas, assim arroladas na 3ª Parte de O Livro dos Espíritos (1857). Ao discorrer sobre a influência da lei do progresso na civilização humana, Kardec identificou o egoísmo, a cobiça e o orgulho como os mais sérios entraves ao progresso dos povos (comentários à questão 793, L.E.). Dessa forma, elegia a honestidade e os atributos morais de governantes e governados como indispensáveis à verdadeira civilização. Uma civilização completa seria reconhecida “pelo desenvolvimento moral”, conforme resposta dos espíritos à questão 793.
Na visão espírita, pois, as causas da corrupção estão ligadas, fundamentalmente, ao atraso moral dos povos onde ela viceja. Essa deficiência, segundo a questão 796 de O Livro dos Espíritos, mais do que “por leis severas que se destinam a punir o mal depois de feito, ao invés de cortar a raiz do mal”, deve ser superada pela educação, pois só esta “poderá reformar os homens que assim não precisarão mais de leis tão rigorosas”.

           




Punição e Educação
Ao se reportar à educação como o único instrumento capaz de aprimorar a civilização, O Livro dos Espíritos nem por isso desconhece a necessidade da severidade de leis destinadas a punir o mal: “Uma sociedade depravada certamente precisa de leis mais severas”, afirma a mesma questão que apregoa o caminho libertador da educação.
É que, da mesma forma que a impunidade estimula a perpetuidade das violações às normas nas quais se funda a sociedade politicamente organizada – Estado -, a punição tem também como um de seus escopos educar para o bem, levando o delinquente a refletir sobre os prejuízos causados e à necessidade da reparação.
Educação, para o pedagogo Allan Kardec, consiste na formação de bons hábitos. Destes, como assevera em comentário à questão 685-a de O Livro dos Espíritos, nascem “a ordem e a previdência”. Trata-se, assim, de um processo que se vai aprimorando ao curso da história dos povos.
Quando se refere ao egoísmo, à cobiça e ao orgulho como os grandes obstáculos à civilização, Kardec aponta para imperfeições que marcam etapas primárias do processo evolutivo humano. Superá-las implicará também na necessidade de duras imposições, capazes de dissuadir seus agentes da prática de comportamentos antissociais, especialmente quando o caldo cultural em que eles estão mergulhados haja banalizado aquelas condutas.
Importa salientar que vivemos tempos de profundas transformações. Se é verdade que a corrupção sempre existiu, verdade também é que chegou o momento de combatê-la com todos os meios disponíveis. Até porque a sociedade amadureceu a consciência de que não mais pode conviver com ela. Essa conscientização e a consequente mobilização popular, aliadas à presença de diplomas legais e instituições republicanas destinadas a seu combate, são também atestados eloquentes de progresso civilizatório. (A Redação).




Pensamento e Crenças
Assim, pela comunhão de pensamentos, os homens se assistem entre si e, ao mesmo tempo, assistem os Espíritos e são por eles assistidos.”Allan Kardec

Os participantes do XIV Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita (Santos/SP, 30/10 a 1º/11), testemunharam momentos de enternecida emoção, no ato inaugural do evento. Foi quando se projetou na tela gravação, recentemente resgatada, da abertura da primeira edição do Simpósio, no ano de 1989. Nela, Jaci Regis dizia dos objetivos da iniciativa e projetava seu desdobramento como um espaço para a livre manifestação do pensamento, inteiramente aberto a todos que, indistintamente, se dispusessem a contribuir com o processo de renovação e arejamento de ideias, dentro do movimento espírita brasileiro.

O momento era de culminância de uma das mais significativas fases da história do espiritismo no Brasil, e que se iniciara com a retomada do velho debate de se o espiritismo seria ou não uma religião. A controvérsia, ciclicamente renovada, mas jamais concluída, propiciava, entretanto, naqueles anos 80 do século passado, a retomada de alguns temas propostos por Allan Kardec, mas paulatinamente ignorados pelos espíritas, em face do extremado religiosismo assumido por seu movimento.
Recepcionado e difundido no Brasil exclusivamente como uma crença, o espiritismo havia perdido, quase que inteiramente, uma de suas características fundamentais, ou seja, a de se assumir como um movimento de ideias, genuinamente humano e humanista. Humano, porque, diferentemente das religiões, sua elaboração é tarefa da humanidade, em sua caminhada progressiva no rumo do conhecimento e do amor. Humanista, porque, no centro de todas suas cogitações, está o homem em sua integralidade, como ser biológico, espiritual e social, viajante do tempo e do espaço.

Comportando-se exclusivamente como uma crença, o espiritismo, no Brasil, por longo tempo, conferiu importância e credibilidade somente àquilo que proviesse de espíritos desencarnados, “mensageiros dos céus”, e que houvesse sido intermediado por um restrito círculo de médiuns, tidos e havidos como interlocutores dos chamados “espíritos superiores”. A partir desse critério, e sob o argumento da necessidade da unificação em torno da “verdade revelada”, eventos espíritas não eram mais do que repetições de mensagens de conteúdo místico-evangélico, que pregavam a chamada “reforma íntima”, mas que desestimulavam a aquisição de novos conhecimentos pelo exercício do livre-pensamento e do debate franco de ideias.

Eventos como aquele inaugurado por Jaci Regis, em 1989 e que continuam se repetindo, de dois em dois anos, numa iniciativa do Instituto Cultural Kardecista de Santos, levaram à abertura de um novo capítulo para a história do espiritismo no Brasil. Abriram espaço para que os próprios espíritas submetessem algumas de suas crenças mais arraigadas a critérios de racionalidade e de bom senso recomendados por Kardec, na busca da harmonização da fé com a razão, o que leva, inevitavelmente, à priorização da dúvida cautelosa em substituição a certezas definitivas
.
Foi esse cenário que possibilitou, poucos anos depois, a presença mais concreta da CEPA no Brasil. Já no ano 2.000, a Confederação Espírita Pan-Americana realizava um Congresso em terras brasileiras, o que não ocorria desde 1949. Ali se elegeria um brasileiro para presidir esse organismo espírita internacional, o que, graças ao concurso de uma equipe de homens e mulheres livre-pensadores, inspirados nos princípios kardecianos, propiciaria o incremento da difusão, neste país, de um espiritismo de feições laicas e progressistas.

Resgatava-se, assim, a efetiva priorização do pensamento sobre a crença, como propusera Kardec: “O livre-pensamento” – escreveu ele na Revista Espírita de fevereiro de 1867 - “eleva a dignidade do homem, dele fazendo um ser ativo, inteligente, em vez de uma máquina de crer”.  Com efeito, crenças foram e são valores importantes na formação de todas as culturas humanas. Mas só se habilitam a oferecer efetivos contributos ao conhecimento quando aliadas à razão, ao pensamento, à experiência, ao estudo, ao efetivo e respeitoso intercâmbio com as múltiplas áreas do saber humano. 

Ademais, o espiritismo, partindo da premissa fundamental da imortalidade do espírito e de sua comunicabilidade, abriu à humanidade um grandioso cenário de intercâmbio sério e produtivo entre encarnados e desencarnados. Essa intercomunicação é fonte permanente de conhecimento, graças, especialmente, à ação do pensamento e à sua expressão livre, unindo e integrando a humanidade encarnada e desencarnada. 

O chamado segmento laico e livre-pensador está, pois, fazendo sua parte. Eventos como o Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita e os Congressos Espíritas Pan-Americanos, cuja 22ª edição acontecerá na cidade de Rosário, Argentina, em maio de 2016, comprovam isso na teoria e na prática.

  




O pregador
A caminhada por meu bairro, naquele 12 de outubro, me fez deparar com uma pequena multidão, em frente à igreja. Dei-me conta de que a padroeira do Brasil era celebrada naquele dia. Por isso, o serviço de som permitia que o sermão também fosse ouvido na praça em frente, onde fiéis se misturavam com vendedores de velas, flores e fitinhas que seriam benzidas, depois. Pude escutar o padre recomendando que quem precisasse de uma graça:
Se você não sabe como se dirigir a Deus, peça à Sua mãe. Ela é intermediária de todas as graças. E qual o filho, por mais poderoso, que não se enternece diante de um pedido materno?
Estava lançado o tema de minha reflexão. Sempre que ando pelas margens do Guaíba, que banha meu bairro, me assaltam temas para refletir. Diferente de quem se isola e se imobiliza para meditar, é no movimento da caminhada que encontro o clima da meditação.

O reformador
As palavras do pregador levaram-me a retroceder 498 anos. Vi o monge alemão Martinho Lutero, num certo dia de outubro de 1517, afixando nas portas de um castelo de Wittenberg suas históricas 95 teses. Uma delas tocava exatamente no tema da prédica do padre de meu bairro. Para o fradinho alemão que promoveria o maior cisma da história da Igreja do Ocidente, dando origem ao protestantismo, entre o crente e Deus não poderiam se interpor intermediários, fossem estes pessoas, anjos ou santos. Isto quer dizer: a relação do homem com a divindade, da mesma forma que não poderia se dar pela indecente venda de indulgências, motivo maior da indignação de Lutero, também dispensava a ajuda de terceiros. O reformador religioso do Século XVI pregava a relação direta homem/divindade, sustentada apenas pela fé.

O fundador
O fundador do espiritismo - que a maioria dos espíritas prefere chamar de codificador, mas, que, na verdade, fundou um revolucionário movimento de ideias - trouxe um elemento novo, nessa relação homem/divindade: os espíritos. O catolicismo sempre os temeu e pouco falava neles. Quando a eles se referia, denominava-os como “almas dos mortos”, que habitavam o paraíso, o inferno ou o purgatório, sem contato, nem interferência na vida de seus entes queridos aqui ainda viventes. O protestantismo simplesmente passou a desconhecê-los como seres vivos: a morte fazia deles “não seres”, a dormirem, inconscientes, em seus sepulcros, até que as trombetas soassem, anunciando o fim dos tempos, quando, então, seria decidida sua sorte para toda a eternidade.

Legislador ou gestor?
A sobrevivência dos espíritos à morte física e a interação da chamada “humanidade desencarnada” com a “humanidade encarnada”, apregoadas pelo espiritismo, não fariam deles exatamente medianeiros entre Deus e os homens. Permitir-nos-iam, entretanto, melhor compreender a complexa escala em que se distribuem os seres inteligentes do universo e a integração destes à “Inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”, que é como a filosofia espírita passou a definir Deus. Este deixou de ser aquele dispensador de graças a quem só poderíamos chegar com a ajuda de ministros, “pistolões”, lobistas ou privilegiados membros de sua família.
A grande revolução de ideias proposta pelo espiritismo também nos leva, assim, a modificar bastante nossa relação com a divindade. Deus passa ser muito mais a lei do que o gestor.
Tenho pensado muito nisso, em minhas caminhadas diárias aqui por meu bairro. Mas, creiam, sem nenhuma conclusão definitiva.




A mediunidade intuitiva e a percepção de energias
Ademar Arthur Chioro dos Reis – Médico sanitarista, Professor universitário, ex-Ministro da Saúde, integrante do Centro Espírita Allan Kardec, Santos/SP.Autor do livro “Mecanismos da Mediunidade – o Processo de Comunicação Mediúnica.

No livro Mecanismos da Mediunidade – o Processo de Comunicação Mediúnica, publicado pela Editora CPDoc, procuro destacar a diferença existente entre aquilo que denomino vibrações nominais, provenientes de outra individualidade (o Espírito comunicante), e as não nominais, fruto da combinação de vibrações de milhões de seres que formam um amplo espectro vibracional.
Essa percepção não nominada é aquilo que Kardec chama de inspiração em vários graus, a busca de um tipo de pensamento adequado a cada momento (de angústia, reflexão, saudade, etc). O ambiente energético criado em cada situação aumenta a percepção do espírito, constituindo momentos quase que mediúnicos, ou intuitivos, em que a alma extrapola os seus limites habituais.
Quem não se deparou impactado com uma estranha sensação, por exemplo, ao entrar em um bar, onde se concentram pessoas cujo nível sensório já se encontra afetado pelo excessivo consumo de álcool, perceptível em determinadas situações simplesmente ao passarmos em frente ao estabelecimento, deparando-nos com sensações que nos impactam negativamente, uma “energia” diferente da nossa?
Não é preciso ser um fanático torcedor de uma agremiação futebolística para perceber diferentes “energias” que emanam da massa, por vezes rapidamente alternadas entre tensão, dor, ódio, revolta, alegria, êxtase... Assim como não é preciso estar absolutamente envolvido emocionalmente com os seres que partem para o mundo dos espíritos para percebermos distintos “ambientes energéticos” que se formam em cada uma das câmaras mortuárias de um velório. Ou como é diferente a “energia” de um ambiente onde acaba de acontecer um grave desastre coletivo ou uma briga, mesmo que envolvendo pessoas que não tenham nenhuma ligação afetiva conosco.
Por outro lado, é inegável que as percepções advindas das situações descritas acima são muito diferentes das que nos envolvem ao entrarmos em contato com o som de uma orquestra sinfônica ou de uma melodia que nos “toca a alma”. Ou as diferentes energias que podem ser captadas em lugares distintos como um hospital (e mesmo em seus departamentos: maternidade, centro cirúrgico, enfermaria, PS, etc), em igrejas, cemitérios, monumentos históricos ou em nossos próprios ambientes de trabalho e lares.
A percepção de diferentes energias em determinados ambientes e situações são reconhecidas como mediunidade de inspiração ou mediunidade intuitiva? A mediunidade intuitiva pode acontecer a partir da captação de "vibrações não nominais"?
Como bem nos ensinou Kardec, mediunidade intuitiva ou intuição mediúnica é a ação intelectual e moral dos Espíritos sobre o médium (que ele denomina médium inspirado), que não dão sinais exteriores da mediunidade que possuem. (ver item 47 – Obras Póstumas).
Herculano Pires, ao refletir sobre o conceito genérico cunhado por Allan Kardec de que “toda gente é médium...”, seguindo o modelo proposto por W.J. Crawford, reconheceu formas variadas de manifestação das potencialidades mediúnicas, caracterizadas por ele como mediunidade “estática” e “dinâmica”.
A primeira, a mediunidade estática, concernente à mediunidade generalizada, natural, que todos possuem, praticamente imperceptível. A segunda, a mediunidade dinâmica, ativa, que, segundo Herculano, “exige desenvolvimento e aplicação..., que extravasa agitada em fenômenos de captação e projeção.” (ver “Mediunidade – Vida e Comunicação”. Edicel).
Não são as vibrações não nominais (a percepção de diferentes energias captadas em distintos ambientes) que estão envolvidas em uma comunicação mediúnica. Na mediunidade a troca de vibrações será sempre nominal porque tem como objeto da transmissão os pensamentos, as sensações e/ou emoções do Espírito comunicante, despertando não emoções genéricas, mas específicas e ostensivas.
Inegavelmente, entretanto, é forçoso reconhecer que as vibrações não nominais se constituem em modalidades genéricas de processos intuitivos (os graus distintos de intuição a que me refiro no livro e que obviamente não se restringem à intuição mediúnica), percebidos por meio de diferentes mecanismos psíquicos, somáticos e cognitivos.
Não se deve confundir, portanto, intuição e percepção energética com mediunidade intuitiva. A não ser que as consideremos, como Herculano Pires, genericamente na perspectiva da mediunidade estática.




A Presença do CCEPA no XIV SBPE
O presidente do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, Milton Medran Moreira, sua esposa,Sílvia Pinto Moreira e as associadas Margarida da Silva Nunes e Mariângela Cardia Machado (foto), compuseram a delegação do CCEPA ao XIV Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita, realizado em Santos, SP, de 30 de outubro a 1º de novembro. Medran foi um dos expositores do evento, com o trabalho ”O Pai, o Filho e o Espírito – a árdua busca de um conceito espírita de Deus descolado da teologia cristã”.
Por iniciativa do departamento de eventos do CCEPA, o trabalho de Medran será por ele reapresentado no auditório do CCEPA para ser discutido com os grupos de estudo da instituição, no próximo dia 2 de dezembro, quarta-feira, às 15h. A atividade está aberta a todos os interessados.

Elas farão muita falta
Antigas colaboradoras do CCEPA, onde desempenharam importantes atividades como diretoras de departamentos, as companheirasMarta Samá e Tereza Samá estão transferindo residência para a cidade espanhola de Alicante. No último dia 7 de novembro, foi promovido um almoço de despedida, oferecido pelos associados do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre às duas irmãs. Na oportunidade, todos os companheiros da instituição manifestaram seu carinho às duas valorosas companheiras e os agradecimentos do CCEPA pelo trabalho por elas realizado por cerca de 30 anos nesta Casa. Na foto, Marta e Tereza com Maurice e Elba Jones, os mais antigos trabalhadores do CCEPA.

Instituto Espírita Terceira Revelação Divina – 84 Anos
Novembro é o mês de aniversário do Instituto Espírita Terceira Revelação Divina (Porto Alegre), que completa 84 anos. Uma série de palestras marca a efeméride. A primeira delas, com o tema“O Reino de Deus. O que é?”, foi proferida dia 4, pelo ex-presidente do IETRD, Aureci Figueiredo Martins. Dia 11/11, às 16h, o orador será Moacir Costa de Araújo Lima, com o tema “O Perdão e seus efeitos”, com lançamento e autógrafos de seu livro “Perdão e Crônicas para uma Vida Plena”. No dia do aniversário da instituição (18/11) , o presidente do CCEPA,Milton Rubens Medran Moreira proferirá palestra com o título “Direito e Justiça na Filosofia Espírita”. As palestras acontecem às quartas e sábados, sempre às 16h, e terão ainda a participação destes expositores: Leo IndrusiakJanete de Azambuja Correa, Iraci de Oliveira e Luis Marcelo Miranda.
A programação está em: http://institutoesp.blogspot.com.br/.





Suicídio, um novo olhar
Graças à reportagem “Suicídio, um novo olhar” (CCEPA Opinião de outubro/2015), pude ter acesso à excelente análise feita pela pedagoga Dora Incontri sob o título de “Suicídio – a visão espírita revisitada”, em seu blog: http://doraincontri.com/2015/09/21/suicidio-a-visao-espirita-revisitada/
 Agradeço a vocês.
Ana Maria Vergara Felix – Fortaleza, CE.

Uma solene homenagem a Allan Kardec
Acerca da conferência na Assembleia Legislativa do Maranhão, inserida no youtube -https://www.youtube.com/watch?v=EWHmjy2VmZw&feature=share - , cabe registrar a incessante tarefa de Milton Medran Moreira, em prol do conhecimento.
Mario Molfino – Rafaela, Argentina.

miércoles, 13 de enero de 2016



                                                                                 WILLY FERREROS


EL SENTIDO DE LA REENCARNACIÓN
REENCARNACIÓN - LAS PRUEBAS
por PATRICIA SALIBA 
LE JOURNAL SPIRITE N° 102 octobre 2015

Tal vez le haya sucedido que al encontrar a una persona por primera vez, se haga esta observación: “Es extraño, tengo la impresión de que lo conozco” o hasta ser tan cercano a un amigo o amiga y decirle: “Somos como hermanos, o somos como hermanas”, y si creen en la reencarnación agregar: “¡seguramente nos hemos conocido en una vida anterior!”
Quizás han experimentado un día así: “¡Lo haré mejor en mi próxima vida!” O, “la próxima vez, reencarnaré en mujer o en hombre”.
Si bien la palabra reencarnación existe oficialmente desde 1875, la creencia en las vidas sucesivas data de las primeras civilizaciones.
La reencarnación o palingenesia (de dos palabras griegas, palin, de nuevo, y génesis, nacimiento)
es uno de los principios determinantes de la filosofía espírita desarrollada por su codificador,
Allan Kardec, autor de numerosas obras entre ellas El Libro de los Espíritus publicado en 1857. Sobre su sepultura, un dolmen siempre florido en el Père Lachaise, está inscrita una frase explícita: “Nacer, morir, volver a renacer, progresar sin cesar, tal es la ley”.
La reencarnación es un tema fascinante porque nos lleva por una reflexión lógica a comprender lo que somos, nuestras diferencias, a comprender hacia lo que debemos tender cada uno en nuestra vida, y finalmente a comprender el sentido de nuestra evolución, es decir la de nuestro espíritu.

LAS INTERROGANTES FUNDAMENTALES
La creencia en la pluralidad de las existencias ha sido admitida desde la antigüedad por los hombres más eminentes, ya sea que fueran filósofos o religiosos.
Es interesante comprobar que, en todas las tradiciones del mundo, se ha creído de un modo u otro
que el espíritu sobrevivía más allá de la muerte y reencarnaba.
Tres mil millones de individuos sobre el planeta aceptan la idea de la pluralidad de las vidas y finalmente hoy en día ésta se ha convertido en un asunto de observación científica.
Para los que rechazan esta idea, existe una sola razón, siempre la misma: no volver a empezar la misma existencia vivida, pues es demasiado difícil.
Si este miedo puede parecer lógico, no corresponde a los principios y razones de la reencarnación. ¿Qué pruebas aportar para que esta idea de la inmortalidad del espíritu a través de la reencarnación pueda tranquilizar, pueda ayudar a comprender lo que somos realmente, y darnos las claves del sentido de cada vida?
Para abordar el principio de la reencarnación fuera de las creencias, es decir dentro de una reflexión filosófica espírita, es preciso admitir en primer lugar que el alma existe, independientemente del cuerpo físico, que preexiste a su muerte y que sobrevive al cuerpo.
Si el espiritismo es estudiado y comprendido, confirma la teoría de la vida después de la vida y responde como filosofía a las cuestiones fundamentales: ¿de dónde venimos, quiénes somos, a dónde vamos?
La inmortalidad es una cosa que nos importa tanto, que nos toca tan profundamente, que hay que haber perdido todo sentimiento para ser indiferentes a saber lo que es”, decía Blaise Pascal.
Por qué no preguntarse sobre:
• Las marcas de nacimiento, malformaciones que se atribuyen a traumatismos pasados
• Los recuerdos de ciertos niños, a menudo vinculados a muertes violentas o prematuras
• Los relatos de personas puestas bajo hipnosis y que pueden revivir episodios atribuidos a lo que parece ser su vida anterior
• Los sueños o visiones que proporcionan recuerdos verificables
• Las revelaciones de médiums o clarividentes que llegan a describir episodios de existencias anteriores, verificables históricamente. Existen argumentos contundentes en esta idea, si se quieren conciliar con una justicia divina las desigualdades intelectuales y morales que existen sobre la Tierra entre los hombres, argumentos que responden a preguntas como:
• ¿Por qué un individuo muestra aptitudes múltiples e independientes de las ideas adquiridas por la educación? • ¿De dónde vienen en unos, las ideas innatas que no existen en los demás?
• ¿Cómo explicar la evolución del estado social desde los tiempos bárbaros? Existen igualmente los niños prodigio, que prueban que la inteligencia se revela a una edad en la que el cerebro no está lo suficientemente desarrollado.

APRENDER, ES RECORDAR (PLATÓN)
En 1912, Willy Ferreros, un joven italiano de apenas cinco años, dirigió la orquesta de las Folies Bergère con seguridad y gran dominio, impresionando a los más grandes, entre ellos Jules Massenet, presente a aquel concierto y quien quedó muy conmovido.
Mozart ejecutó una sonata a los cuatro años, una ópera a los ocho,
Händel componía a los diez años,
Rembrandt dibujaba como un maestro antes de saber leer,
Pascal encontró a los trece años la equivalencia de la 32ª proposición de Euclides, es decir la suma de los ángulos de un triángulo.
Miguel Ángel superó a su maestro en arte, Ghirlandaio, a los ocho años…
Y la lista es larga, de estos niños prodigio que desde su más tierna edad mostraron aptitudes independientes de la educación, pero heredadas de sus vidas pasadas dedicadas al desarrollo de su arte. “El genio, es la experiencia. Algunos parecen creer que es un don o un talento, pero es el fruto de la larga experiencia de muchas vidas. Ciertas almas son más viejas que otras, y saben mucho más”. Henry Ford (industrial norteamericano, 1863-1947)
Cómo explicar estos fenómenos si no es por los conocimientos adquiridos durante vidas pasadas, donde el ser se ha constituido una individualidad que lleva en sí su sello de originalidad y sus aptitudes propias.
El genio no se explica por la herencia, tampoco por las condiciones del medio.
Si la herencia pudiera producir el genio, éste sería mucho más frecuente.
Copérnico, Rousseau, Sócrates o Jesús nacieron de familias humildes, incluso oscuras.
Goethe, Carlomagno o Napoleón no engendraron genios.
Grandes hombres han tenido hijos crueles. Se han visto hijos de buena familia cometer robos, crímenes, provocar incendios, realizar fechorías con una audacia terrible, sufrir condenas y deshonrar el nombre que llevaban. En otros se citan incluso actos de ferocidad sanguinaria, que nada explica ni en su entorno ni por su ascendencia.
Si llevamos en nosotros valores intelectuales y morales casi universalmente compartidos, eso no puede ser fruto del azar. En el fondo de cada ser humano, hasta en el más vil, hay intrínsecamente algo que puede tender hacia una búsqueda de lo bello, del bien y de lo justo.
En la filosofía espírita, la reencarnación se convierte en una ley universal con una definición simple y lógica, que borra las ideas preconcebidas de desigualdades e injusticia. Voltaire decía: “No es más asombroso haber nacido dos veces que haber nacido una vez”.

TESTIMONIOS
El 18 de septiembre de 1847, el príncipe Emile de W. escribió a la Revista Espírita para señalarle un hecho descrito por su hijo de tres años. El niño jugaba solo y hablaba en voz alta, hablaba de Inglaterra como si conociera ese país. Su padre le interrogó: ¿Conoces Inglaterra? Sí, es un país donde fui hace mucho tiempo. ¿Eras pequeño como ahora? Oh, no, era más grande y tenía una larga barba. ¿Mamá y yo estábamos allí? No, tenía otro papá y otra mamá. ¿Qué hacías? Jugaba mucho con el fuego, y una vez me quemé tanto que morí.
Lamartine, Goethe y Jung han contado que visitando ciertos países, habían tenido la clara sensación de haber vivido allí. Esas reminiscencias de vidas anteriores los marcaron fuertemente, reconocían lugares y monumentos que sin embargo les eran desconocidos.
En su libro La reencarnación hoy, el médico alemán Trutz Hardo comparte los estudios de casos extraordinarios de niños del mundo entero, que recuerdan detalles de sus vidas pasadas:
Cerca de la frontera entre Siria e Israel, sobre la franja del Golán, un niño de tres años, perteneciente al grupo étnico de los drusos, para quienes la reencarnación es una creencia primordial, contó que sabía lo que le había ocurrido en su vida pasada cuando fue asesinado.
Había nacido con una marca larga y roja sobre la cabeza.
Para los drusos, estas marcas de nacimiento son una indicación de heridas mortales anteriores; están pues muy atentos a los relatos de los niños que tienen tales marcas para tratar de descubrir pruebas de la vida pasada.
Este muchachito precisó que ha sido muerto por un hachazo y dio claramente el nombre de su asesino que fue hallado. El niño se encontró con él y le dijo: “Yo era tu vecino, nos peleamos y me mataste con un hacha. Sé donde fue enterrado mi cuerpo lo mismo que el hacha”.
Los testigos afirman que el hombre se puso blanco y huyó.
Luego, el muchachito mostró el lugar exacto donde había sido escondido su cuerpo, debajo de un montón de piedras, enterrado allí se encontró el cráneo de un hombre que presentaba una extensa hendidura.
Señaló igualmente el lugar donde había sido escondida el hacha, y donde se encontró, lo que obligó al presunto asesino a confesar su crimen.
Erin Jackson nació en 1969 en Indiana. A los tres años, esta niña parecía acordarse del pasado. Con frecuencia hablaba de ella en masculino: “Cuando me llamaba John, iba a un lago donde hacía flotar un gran barco… Cuando era un muchacho, tenía un perro negro y blanco y un hermano, James, a quien le encantaba vestirse de negro hasta las ropa interior”.
Pero no daba ni el lugar, ni la época. No le gustaban las grandes carreteras norteamericanas que encontraba feas. Decía: “Era mucho mejor cuando había caballos”. 
Erin siempre quería vestirse, peinarse y jugar como un muchacho.
Ian Stevenson la conoció cuando tenía diez años.
Confirmó el rechazo de su feminidad pero también su amor por el dibujo, la lectura, los juegos de construcción y la pesca. “¿Por qué no soy un muchacho?” decía con frecuencia, sobre todo cuando el equipo de béisbol y los exploradores le negaban la entrada.
Stevenson observó también lo insólito de sus dibujos y la calidad de sus poemas que hubiera podido escribir un adulto.
Al crecer, Erin olvidó sus recuerdos anteriores y se tornó más femenina.
Sin embargo, Stevenson no pudo comprobar los hechos insuficientemente precisos, pero, ¿cómo explicar que esta niña, nacida en una familia que desconocía el concepto de reencarnación, fuera capaz durante años de contar extraños recuerdos?
La psicóloga norteamericana, Helen Wambach, se interesó por los relatos de reencarnación en los años 1960, a partir de voluntarios puestos bajo hipnosis.
En su libro La vida antes de la vida, se presentan setecientos cincuenta casos testimoniando vidas anteriores, que muestran la continuidad, y no la separación, que existe entre el mundo de la vida y el mundo de la muerte.
Helen Wambach comprueba que de hecho, 87% de los sujetos tratados se acordaban en qué circunstancias ya habían conocido a las personas que forman parte de su entorno actual.
Escribe: “Sus relaciones varían de acuerdo a cada uno. Lo más interesante es comprobar que estas relaciones no datan únicamente de vidas anteriores, sino también del período entre dos vidas. Fue lo que más me asombró, lo mismo que a mis sujetos. Todos contaron la misma historia. Regresamos con las mismas almas, pero en diferentes relaciones. Yo no creo en la reencarnación, lo sé, estoy convencida de ella”. 
¿Cómo pueden conocerse esas vidas anteriores?
• Por una lectura de vida, una clarividencia del pasado hecha por un médium
• Una revelación dada por un Espíritu en sesión espírita
• Por una psicometría, es decir una clarividencia sobre un objeto, con fines terapéuticos cuando un traumatismo anterior tiene todavía incidencia sobre la salud actual del sujeto.
• Por hipnosis, a condición de que sea propuesta por un hipnotizador serio y capaz de hacer a una persona remontar el tiempo, lo cual puede requerir varias sesiones antes de obtener un resultado.
La hipnosis es una invitación a la liberación de todas las energías localizadas en el inconsciente y una investigación ideal de la reencarnación.
Es una exploración total de las relaciones entre el espíritu, el periespíritu y el cuerpo físico.

PSICOMETRÍA O CLARIVIDENCIA SOBRE UN OBJETO
He aquí la historia del origen de un dolor de espalda, a través de una psicometría hecha sobre un pequeño cuchillo plegable que no abandonaba nunca el bolsillo de su propietaria. El sujeto psicómetra tiene la capacidad, por simple contacto con un objeto, de entrar en relación telepática con éste y captar informaciones referentes a su propietario.
Esta facultad que no es una mediumnidad, puede ser utilizada sobre todo tipo de material; permite sumergirse en episodios históricos a través de visiones de eventos del pasado.
“La escena se desarrolla en el siglo XIX, veo a un hombre delgado en traje de jinete, que lleva bigote y va a caballo. Visita su propiedad. Es un rico hacendado. Por una razón que no he podido determinar en esta psicometría, su caballo se encabrita de repente, lo que provoca su caída. Desgraciadamente para él, su columna vertebral golpea violentamente una piedra. Las consecuencias son dramáticas pues sus miembros inferiores se encuentran paralizados. Lo veo luego detrás de las ventanas de su propiedad, pasando largas horas mirando el campo que tanto le gustaba recorrer a caballo. Tenía unos treinta años”.
Entonces la causa de los problemas actuales de salud de la paciente está determinada, encontrando una explicación anterior. La experiencia es completada por otra persona psicómetra que, a partir de un traje perteneciente a esta paciente, vio igualmente el mismo origen de su problema.
Sintió los males físicos de esta mujer, tenía dolores muy fuertes en la espalda, los brazos,
las piernas y allí, regresaba la imagen indicando que los dolores de esta mujer eran debidos a una caída en una vida anterior.
De todos estos testimonios, lo que hay que retener, además de las pruebas de nuestras múltiples existencias, es la utilidad de conocerlas a fin de hacer la relación entre las vidas pasadas y la vida presente, y así vislumbrar los mecanismos psicológicos que hacen lo que somos actualmente.
Estas revelaciones tienen un sentido, proporcionan elementos importantes de nuestra personalidad que no siempre se comprenden: miedos, angustias, reacciones descontroladas, enfermedades.
La reencarnación se efectúa en el momento de la fecundación, y el espíritu participa entonces en la elaboración de su futuro cuerpo, y es en ese momento que, a veces, aparecen las dificultades cuando resurgen los recuerdos impregnados en el periespíritu, que tiene una capacidad esencial, la de memorizar el conjunto de acontecimientos vividos para lo mejor y lo peor.
A veces para lo peor, cuando ciertas vidas han sido objeto de traumatismos particularmente violentos. No obstante las vibraciones parentales pueden tranquilizar al espíritu que regresa.
Y en un mundo donde fuera admitida la reencarnación, podrían intervenir las vibraciones de pensamientos amorosos y tranquilizadores, que facilitarían entonces el desarrollo embrionario y la elaboración de todo el organismo, evitando lo que llamamos “accidentes de reencarnación”.
Lo esencial de la reencarnación debería ser el impulso amoroso.
Haría falta entonces que el sentimiento anidara en los seres humanos y que la idea de hermandad surcara el conjunto de las conciencias.
Y es allí donde la fórmula espírita puede ayudar a hacer crecer esta idea.

¿POR QUÉ OLVIDAMOS NUESTRAS ANTERIORIDADES?
Durante los primeros años de vida, todavía cercanos a la vida anterior, los niños a veces tienen recuerdos y cuentan ciertas cosas con toda inocencia.
Luego, llega el olvido salvo en algunos casos excepcionales.
En una nueva existencia, el pasado es ocultado naturalmente y sólo puede resurgir por fragmentos de recuerdos, o bien de manera experimental bajo hipnosis.
En el estado actual de la evolución humana, seríamos incapaces de asumir nuestras memorias anteriores.
Nuestras historias humanas pasadas son a menudo conflictivas, cuando víctimas y verdugos pueden encontrarse en una misma familia o un mismo entorno relacional.
El recuerdo sería entonces una carga y en lugar de apaciguar los odios, éstos se eternizarían y serían una traba para la deseada reconciliación.

CONCLUSIÓN
Disfrazada, rechazada, la reencarnación predicada por tantos humanos, ya sean de ciencia o de filosofía, y en todas las épocas, es una ley universal que explica con lógica el problema del destino, explicando a la vez las desigualdades y las injusticias, disipando el infierno eterno por una elevación progresiva de las almas en su evolución natural.
Si morir es encontrarse en otra dimensión, vivir es crecer en conciencia en un universo material, donde cada uno tiene su libre albedrío y su responsabilidad.
Vivimos para conocernos a nosotros mismos, pero con la única condición de conocernos juntos.
Es todo el sentido de la evolución. Y en el plano relacional, la reencarnación comprendida sería la mejor muralla contra el racismo, el odio al otro y la intolerancia.
Una sociedad reencarnacionista vería a los padres escuchando a sus hijos, sus palabras, sus fantasmas, sus sueños, la descripción simple, ingenua y natural de su vida anterior, es decir, de sus recientes caracteres.
El espíritu regresa a la carne acompañado por el fardo de sus vidas anteriores.
Esa carga psicológica supera todos los contextos psico-afectivos, sociales y familiares.
La realidad del carácter pertenece al espíritu y a sus vivencias anteriores.
El espiritismo ha permitido establecer el vínculo con los conocimientos antiguos, olvidados, con una definición despojada de las creencias místicas en provecho de un conocimiento satisfactorio para la inteligencia del hombre moderno.
La reencarnación ha pasado del estado de creencia al del saber.
El enigma de la muerte y el enigma de la vida se han convertido pues en leyes naturales de evolución, donde cada ser humano aprende su libertad en contacto con los demás, con o sin conocimiento de sus anterioridades.

Entrada nueva en Grupo Espírita de La Palma

PROGRAMA DE ACTIVIDADES PÚBLICAS DEL GRUPO ESPÍRITA DE LA PALMA – ENERO 2016

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PROGRAMA DE ACTIVIDADES PÚBLICAS DEL

GRUPO ESPÍRITA DE LA PALMA - ENERO 2016

Hola amigos y amigas: comenzamos un nuevo año llenos de ilusión y compromiso con la búsqueda espiritual que nos lleva a conocernos mejor a nosotros mismos. Parte de ese compromiso consiste en compartir con sinceridad y responsabilidad algo que a nosotros nos ha llenado de sentido, comprensiones y certidumbres. Es lo que pretendemos hacer con nuestras charlas, conferencias, debates y proyecciones públicas que cada viernes ofrecemos en nuestra sede, de asistencia libre y gratuíta para todo el que lo desee.

Está a vuestra disposición el Programa de Actividades Públicas del Grupo Espírita de La Palma para este mes de enero de 2016. Si entráis en la página «Actividades Públicas» (pestañas superiores) podéis consultarlo o descargarlo, puesto que se encuentra como documento en PDF.

Así que, amigos y amigas, si deseáis participar en alguna de las actividades programadas, estamos cada viernes desde las 19:30 h. y hasta las 21:30 h., en nuestra sede con charlas, conferencias, proyecciones, etc.

GRUPO ESPÍRITA DE LA PALMA

Av. Carlos Fco. Lorenzo Navarro, 69

Edificio Vizconde, 1º D

Los Llanos de Aridane - Isla de La Palma

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                                                                      BEETHOVEN A LOS TRECE AÑOS
REENCARNACIÓN:LAS PRUEBAS
NIÑOS PRODIGIO y reencarnación
por IGOR MANOUCHIAN  
LE JOURNAL SPIRITE N° 102 octobre 2015

Hoy en día la ciencia no siempre llega a explicar los casos de los niños prodigio, esos niños que, muy temprano, muestran extraordinarias capacidades para memorizar, aprender idiomas y sobresalen en el mundo artístico, por ejemplo en la ejecución de obras musicales.
La historia abunda en casos de precocidad tanto célebres como anónimos. Con frecuencia proceden de entornos que no favorecen directamente el talento innato y es allí donde el asunto aparece claramente. Igualmente, la herencia no puede explicar por sí sola tales facultades y predisposiciones, tanto intelectuales como artísticas.
Esos talentos que se encuentran en todos los lugares de nuestro mundo, pasado y presente, llaman la atención de la sociedad sobre un aspecto educativo, pero también sobre los orígenes de la naturaleza humana.
El caso de Mozart es muy conocido. Es notorio que a la edad de cuatro años ejecutó una sonata, y su facultad musical se desarrolló tan rápidamente que a los once años compuso dos pequeñas óperas La finta semplice, y Bastien und Bastienne; y es sabido con cuanto éxito prosiguió su brillante carrera. Beethoven, a quien se ha llamado dios de la música, se distinguía ya a los diez años por su notable talento de ejecutante. En otro género, la precocidad del gran violinista Paganini era tal que a los nueve años se le aplaudía en un concierto en Génova.
Lo mismo Liszt, Rubinstein, San-Saëns y muchos otros que muy temprano desarrollaron la capacidad de creación y dominio del instrumento. En el campo de la pintura también se encuentran casos de realización y logro de obras, que dejan estupefacto al observador que comprueba que su autor es un niño. El italiano Giotto di Bondone es un ejemplo de esas disposiciones innatas. Aun niño, simple pastor, trazaba ya instintivamente esbozos tan llenos de naturalidad que Cimabue, un gran pintor del pre-Renacimiento en el siglo XIV, al conocerlo, lo llevó a su taller.
Miguel Ángel, uno de los mayores genios de Italia, a los ocho años conocía ya tanto la técnica de su oficio, que Ghirlandaio, su maestro, afirmó que ya no tenía más nada que enseñarle. El campo de las ciencias no se ha salvado de la aparición de pequeños genios. Gauss de Brunswick, astrónomo y matemático, resolvía problemas de aritmética cuando tenía sólo tres años; se sabe con cuanto éxito prosiguió su carrera matemática.
Ericson, fallecido en 1869, mostraba tal genio para las ciencias mecánicas, que a los doce años fue nombrado por el gobierno inspector del gran canal marítimo de Suecia. Dirigía a seiscientos obreros. Henri Mondeux, nacido en 1826 cerca de Tours, hijo de un campesino carente de toda instrucción, se reveló temprano como una prodigiosa máquina de calcular. A los catorce años fue presentado en la Academia de Ciencias de París; por otra parte no tenía otras facultades.
En 1837 Vita Mangiamel, un joven pastor, casi un niño, atraía a eruditos de todos los países por su incomparable facultad de cálculo. A un matemático que le hizo esta pregunta: “¿Cuál es el número que, elevado al cubo y sumado a la suma de cinco veces su cuadrado, es igual a cuarenta y dos veces él mismo más cuarenta?” respondió en menos de un minuto: “Es el número cinco”.
Hay tantos ejemplos que llaman la atención sobre el origen de la inteligencia y el poder de creación. Algunos pretenden que los cambios celulares pueden explicar estos casos, otros se apoyan en las capacidades del cerebro que captaría las ondas vibratorias. La respuesta se encuentra ante todo en la preexistencia del alma y su trayectoria por el camino de las vidas sucesivas. El recuerdo voluntario o accidental demuestra que un niño puede manifestar en su vida presente capacidades adquiridas en su pasado espiritual. Excepto los casos de mediumnidades, que hacen intervenir una inteligencia desencarnada que se manifiesta sólo en forma puntual, la mayoría de estos niños precoces ciertamente ha decidido antes de reencarnar, proseguir su evolución como misionero para participar en el progreso humano. Estos sorprendentes niños, que se convierten luego en asombrosos adultos, marcan con su huella una revolución en todos los campos de la inteligencia humana. Lo mismo sucede en el registro de la inteligencia y el sentimiento, cuando se observa que la mayoría de los profetas que se han inscrito en la historia de los hombres, son ante todo grandes espíritus que, por su precocidad manifestada en su infancia, demuestran hasta qué punto el hombre no puede reducirse a un aglomerado de células. La idea del regreso a la vida para proseguir el camino evolutivo, permite comprender mejor el genio humano. La reencarnación se convierte entonces en un dato imprescindible para admitir las desigualdades evolutivas de los humanos y por tanto la evidencia de una justicia divina. Así, a la luz de la filosofía espírita, nosotros ya no consideramos los casos de precocidad como extraordinarios, sino como hechos evidentes de reminiscencias del pasado del alma humana.


domingo, 10 de enero de 2016

Entrada nueva en Grupo Espírita de La Palma

RECORDANDO A JOSÉ Mª FERNÁNDEZ COLAVIDA A LOS 127 AÑOS DE SU DESENCARNACIÓN

by idafe

Titular completo

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Comentarios introductorios

El 1º de diciembre de 1888 - es decir, se han cumplido recientemente 127 años - dejó su cuerpo carnal en este planeta una de las figuras más importantes en la historia del movimiento espiritista en España, José Mª Fernández Colavida, al que se calificó con toda justicia como “el Kardec español”. Fue su labor de faro para el espiritismo hispano desde su papel de hombre integral a la manera como el paradigma espiritista propone, la que le otorga de pleno derecho el título de continuador fiel del trabajo de Hipolite Leon Denizard Rivai, de quien fue uno de sus primeros y directos discípulos en este país.

Entrada nueva en Grupo Espírita de La Palma

DOMINGO GALINDO Y ESPINO: UNA PERSONALIDAD ESPIRITISTA CANARIA DE LA ISLA DE LANZAROTE

by idafe

Domingo GalindoDOMINGO GALINDO Y ESPINO: UNA PERSONALIDAD CANARIA DE LA ISLA DE LANZAROTE

Domingo Galindo y Espino fue un espiritista canario natural de Tenerife, aunque residente durante la mayor parte de su vida en Arrecife (isla de Lanzarote).

Fue una figura destacada en la sociedad lanzaroteña, estando su nombre al lado de las más importantes realizaciones en la isla en aquellos años.

En la capital lanzaroteña sería durante varios años corresponsal y encargado de formalizar las nuevas suscripciones a la revista espiritista tinerfeña "La Caridad" (fundada por Miguel Miranda y León) que se producían en la isla. Precisamente en el encabezamiento de la publicación, figuraba su nombre en el apartado "Puntos de suscripción", de esta forma: "En Lanzarote, D. Domingo Galindo".

Ocupó el cargo de administrador depositario del primer Hospital público que tuvo Arrecife en el año de su fundación (1887), siendo secretario-contador Segundo Martinón Topham y director José Arata Álvarez. En dicho cargo le sucedería en 1888 Tomás Lubary Barreto.

También fue administrador del periódico “El Horizonte”, que se publicó en Arrecife desde el 1 de mayo de 1887 al 1 de mayo de 1889, en la imprenta de Francisco Martín González.

Entre finales del siglo XIX y comienzos del XX sabemos que ejercía como secretario del Ayuntamiento de Arrecife, cuando era alcalde del mismo D. Santiago Pineda Morales. Estando en este cargo, contrajo matrimonio en 1903 con la Srta. Isabel Benítez.

Ejerció diversos cargos consulares. En 1906 recibe el Regium excequatur para ejercer como Cónsul de la República de Santo Domingo en Arrecife; en 1908 es nombrado sustituto del Cónsul de Cuba en Lanzarote, y en 1910 se le nombra Cónsul de la República Dominicana en la misma isla.

Militó también, como tantas personalidades de su época, en la masonería, figurando entre los miembros del la logia masónica de Arrecife de Lanzarote de nombre "Timanfaya nº 199", erigida en 1882 bajo los auspicios del Serenísimo Gran Oriente de España, junto a Domingo Negrín Suárez, Juan Maestre, Daniel Martinón y Vicente Medina. Perteneció, igualmente, a las logias “Júpiter 208” y “Atlántida”, ocupando en todas ellas el cargo de secretario guarda-sellos.

ARRECIFE (I)
Arrecife, Puente de Las Bolas (comienzos del s. XX)

Dado su carácter y posición, así como su pública dedicación a la difusión de los ideales espiritistas, no dudamos que defendiera éstos en los foros de debate sociales donde se discutían las ideas en boga entonces. Esto es lo que parece poder inferirse a partir de lo que informan J. Montelongo Franquiz y Marcial A. Falero Lemes en su libro "El Puerto de Arrecife" (1), cuando en un texto dedicado a la memoria del médico lanzaroteño José Molina Orosa y aludiendo al padre de éste, Gonzalo Molina Pérez - alcalde de Arrecife entre 1885 y 1887 - y a su determinante influencia en la vida de su hijo y futuro médico de renombre, comentan:

"Gonzalo Molina Pérez contaba con la amistad de muchos prohombres de la sociedad arrecifeña de finales del siglo XIX: Leandro Fajardo, Antonio María Manrique, Carlos Schwartz, Tomás y Marcelino García, Santiago Pineda, Domingo Galindo, Juan Santa Ana, Manuel María Coll, Francisco Matallana, Rafael Ramírez, el cura Leandro Lara y Arbelo, etc.; con los que se reunía los sábados para discutir sobre ideas y creencias. Estas reuniones llevarían a la creación de las grandes sociedades arrecifeñas nacidas en el pasado siglo (La Democracia y el Casino de Arrecife)".

Sus actividades espiritistas fueron notables. Una en particular quedó reflejada en las páginas de la revista La Caridad. Nos referimos a su intervención en defensa del espiritismo, contestando las críticas vertidas en su contra desde el púlpito en varias oportunidades, por el cura de la parroquia de Arrecife de Lanzarote, a finales del mes de marzo de 1882. Este hecho motivó la redacción y publicación de algunos artículos en La Caridad y la intervención del propio Domingo Galindo.

La revista espiritista tinerfeña reprodujo en sus columnas dos cartas remitidas por Domingo Galindo al referido párroco. Vienen presentadas por unas palabras de su director, Miguel Miranda:

“Damos las más gracias a nuestro buen hermano en creencias, Don Domingo Galindo, por la actividad que ha demostrado en acudir a la defensa de la cristiana doctrina espiritista, cuando a mansalva se la injuria desde un lugar donde no es permitida la contestación a los errores que en él se viertan. Nuestro buen hermano no sólo ha cumplido el deber que su conciencia le ha dictado, sino que ha interpretado fielmente nuestros deseos, dirigiendo al cura de la parroquia de Lanzarote las dos cartas que a continuación transcribimos, y las cuales no han merecido el honor de la contestación. ¡Tampoco lo extrañamos!”.

Veamos ahora estas dos cartas:

1ª Carta:

“Muy Sr. mío y de mi consideración:
Como corresponsal en esta Isla de la ilustrada Revista Espiritista LA CARIDAD, que ve la luz en Santa Cruz de Tenerife, tengo el gusto de acompañarle uno de sus números, en el cual hallará V. un artículo con el epígrafe Otra Provocación, que se refiere a los sermones que V. tuvo a bien predicar en la parroquia de su cargo, en las últimas noches del mes de Marzo próximo pasado.

Y debo advertir a V. que al tomarme la libertad de molestarlo con la presente, no sólo lo hago interpretando los deseos de los honrados redactores de dicha publicación, que anhelan vivamente entrar en el terreno de la discusión pública con todos aquellos que sin fundamentos razonables ni consideraciones de ninguna especie ultrajan y ridiculizan a la cristiana doctrina del espiritismo, para que se vea con toda verdad y a la luz del día quienes sean los locos y los que están envueltos en las sombras del error, sino porque a la vez considero será a V. grato tener conocimiento de todos los particulares que de V. hagan mérito.

En la creencia de que V. me disimulará esta franqueza, queda suyo afectísimo S. S.
Q.B.S.M.

Domingo Galindo
Mayo, 12, 1882.”

2ª Carta:

“Muy Sr. mío: 
Días pasados tuve el gusto de dirigirme a V. acompañándole el número 22 de la Revista LA CARIDAD, y aunque no ha tenido V. la amabilidad de acusarme recibo (que no lo extraño), me consta perfectamente que todo obra en su poder, suponiéndole, por lo tanto, impuesto del artículo al que me refería.

Hoy, impulsado por las mismas causas que le expresé en mi anterior, le remito el número 23 de la citada publicación, en la que verá V. otro artículo que le interesa, con el epígrafe Siempre los mismos.

Los espiritistas creen firmemente que V. no se negará a entrar en la discusión pública que le ofrecen, tanto más cuanto que esparcir la verdadera luz y sacar a los desgraciados del error en que se hallen, es la esencial misión de los que se llaman ministros del Señor.

Siempre a sus órdenes con toda consideración, afectísimo S. S.

Q.B.S.M.

Domingo Galindo
Junio, 1º, 1882.”

Domingo Galindo y Espino colaboró con sus escritos en diferentes publicaciones periódicas tanto de Canarias como de la isla de Cuba.

Falleció en 1927 en Arrecife, Lanzarote.

NOTAS

1) Litografía Valverde, 2000. Ed. Cabildo de Lanzarote y el Ayuntamiento de Arrecife.

lunes, 4 de enero de 2016





ESPIRITISMO Y CUESTIONES SOCIALES
LA HOMOSEXUALIDAD por SARAH OUNIFI 
LE JOURNAL SPIRITE N° 102 octobre 201556

Las leyes de la reencarnación permiten comprender quiénes somos y de dónde venimos. Así, pasamos de vida en vida a través de las épocas, las culturas y las civilizaciones para aprehender todas las riquezas que la vida puede ofrecer, y para completar nuestras experiencias, pues cada existencia permite una nueva visión sobre el mundo, como podría hacerlo una cámara y sus diferentes ángulos a fin de apreciar un paisaje en su totalidad.
Pasamos de un sexo a otro y es importante recordar que el Espíritu no tiene sexo determinado. El espíritu vivirá cierto número de vidas como hombre o mujer y optará por una u otra de acuerdo con las elecciones decididas y las necesidades.
Pero de todas maneras, encarnado en la materia, deberá poder vivir plenamente su sexualidad, fenómeno natural, fisiológico y fuente de equilibrio.
Las vidas sucesivas formarán pues el carácter del espíritu a través de sus diferentes experiencias masculinas o femeninas, y desarrollará poco a poco una dominante, siempre en relación con su propia trayectoria palingenésica. Si uno se remonta en el tiempo, las religiones, cualesquiera que sean, han jugado un papel muy importante en lo que a las costumbres se refiere, definiendo así lo que era moral y lo que no lo era, lo que era normal y natural y lo que se volvía anormal y contra natura.
La sexualidad, o más precisamente las sexualidades, difieren según las culturas, las regiones y las épocas, incluso hoy la influencia religiosa ha atravesado la historia para quedar profundamente anclada en nuestras culturas y se funde en forma menos visible en nuestros modos de vida, nuestras costumbres y tradiciones.
Ateas o espiritualistas, nuestras sociedades siguen estando todavía muy influenciadas en sus buenas costumbres aunque en estos últimos veinte años observemos una evolución de las mentalidades.
Así, no es raro escuchar que la homosexualidad es contra natura, una enfermedad del cuerpo o del alma, un vicio, una perversidad o hasta señal de una obsesión.
¿Qué nos dicen los Espíritus sobre el tema?  Ellos nos invitan a comprender más que a condenar y si todas las cosas tienen su explicación, lo mismo vale para los LGBT, sigla utilizada para designar en general a las lesbianas, gays, bisexuales y transgéneres.
A partir de la noción de reencarnación, es fácil comprender la dificultad que acarrea un cambio de sexo de una vida a la otra. Si bien podemos ser fuertemente influenciados por nuestra educación, nuestra sociedad o nuestra cultura, parece igualmente evidente que seguimos muy fuertemente influenciados por nuestras vidas anteriores, incluso en términos de sexualidad.
Así, un hombre que haya pasado antes muchas vidas como mujer, puede seguir en esta vida siendo atraído por los hombres; igual que una mujer, a través muchas vidas como hombre, ha podido desarrollar un dominante masculino.
Igualmente es posible que ese hombre o esa mujer puedan experimentar dificultad en asumir un cuerpo que no se corresponde para nada con su estado de espíritu; especialmente los transexuales que experimentan un verdadero sufrimiento.
Viven en un cuerpo de hombre pero se sienten mujeres en todo su ser; un sufrimiento y un rechazo a su cuerpo que lleva a algunos a recurrir a la cirugía estética. Siempre, gracias a las leyes de la reencarnación, es muy probable que dos personas del mismo sexo se hayan conocido en vidas anteriores, compartiendo sentimientos profundos durante esas existencias. No se trataría entonces de una atracción por el mismo sexo sino de un reencuentro.
Estos dos espíritus encarnados superarán entonces las barreras morales y sociales para vivir en el presente la continuidad de un amor anterior. Al igual que las anterioridades, la vida presente puede explicar también una atracción por el mismo sexo.
Ocurre a veces que los padres desean mucho una niña o un varón. Al no satisfacer su deseo, ellos pueden seguir proyectando sobre el niño ese mismo deseo.
Tendrán entonces, consciente o inconscientemente, una influencia cierta sobre él y lo educarán como niña o como varón, modelando así su personalidad hasta la edad adulta. Pero ya se trate del profundo deseo de los padres, un amor anterior encontrado o una sensibilidad del espíritu, modelada en el transcurso de sus vidas, qué importa. Es cierto que esta “diferencia” conlleva mucho sufrimiento, pues no es comprendida ni admitida de acuerdo a nuestras normas sociales.
El espiritismo no emite ningún juicio moral sobre este asunto, simplemente aporta elementos de comprensión, recordando que el espíritu en sí mismo no tiene sexo y que forja su identidad a través de las vidas sucesivas.
Coloca al amor por encima de todos los convencionalismos morales, eleva la libertad de ser y de amar por encima de todas las reglas sociales y puramente humanas. Y si debiera emitir un juicio, éste sería indiscutiblemente sobre los verdaderos males de nuestro planeta, es decir la ausencia de amor, el egoísmo, el dominio, el odio; todo lo que entraba el equilibrio de la Tierra y sus habitantes y frena la evolución.
Los Espíritus nos dejan pues libres de amar de manera espiritual y carnal, y prefieren llamar nuestra atención sobre la urgencia de una paz mundial y duradera, con respeto a las vidas humanas.